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Hoje, 19 de abril, é Dia do Índio. E aqui cabe uma pergunta: o que é ser indígena no Brasil?
No imaginário nacional, os índios são seres pacíficos, que moram em malocas na selva e se alimentam do que a natureza oferece. Mas isso está longe de corresponder à realidade atual.
Na época do descobrimento, os colonizadores portugueses tentaram, sem sucesso, escravizar os gentios. Os índios simplesmente não se adaptavam àquele ritmo de trabalho - não, eles não eram preguiçosos. Os portugueses não tiveram outra alternativa a não ser importar escravos da África para as lavouras de cana-de-açúcar, de café e a pecuária.
Muitas tribos, principalmente aquelas mais violentas, foram dizimadas. Outras se aliaram aos portugueses. O fato é que ao longo dos anos, as aldeias foram sumindo e as terras indígenas se tornando cada vez mais escassas.
Os dados sobre a população indígena no Brasil são imprecisos. Segundo a Funai, vivem cerca de 460 mil índios no Brasil, distribuídos entre 225 sociedades indígenas. O IBGE aponta que esse número chega a 734 mil. Na década de 90, segundo o IBGE, o crescimento dessa população foi maior nos centros urbanos: passou de 71 mil em 941 para 383 em 2000. No campo, também houve crescimento, mas num ritmo menor - passou de 223 mil para 350 mil índios.
Analisando os números, percebe-se que mais da metade dos indígenas brasileiros vivem nos centros urbanos, integrados à sociedade moderna. O problema é que essa opção acaba produzindo um efeito negativo, entre eles a perda da cultura indígena.
Por que isso acontece? Devem ser vários os fatores. Um dos mais citados é a péssima condição das aldeias. Sem assistência necessária do poder público, como evitar que eles deixem o meio rural em busca de melhores condições de vida nas cidades? Boa parte da população brasileira faz isso. Com eles não poderia ser diferente.
E mesmo as aldeias remanescentes vivem sérios dilemas. Um dos principais está na área da saúde. E o alcolismo, com certeza, é um dos principais problemas. O consumo desenfreado de álcool pelos indígenas provocou um alto índice de depressão dentro das comunidades. O suicídio se tornou frequente entre essa população.
É impossível evitar o fenômeno de integração entre as comunidades indígenas e a sociedade moderna. Mas é preciso criar mecanismos para evitar que a cultura indígena seja engolida.
Muitas comunidades desenvolvem um intenso trabalho de recuperação cultural, principalmente dos dialetos indígenas. A Funai também tem iniciativas de valorização dessa sociedade. Entre elas, destaca-se a Festa Nacional do Índio e os Jogos Indígenas.
Mas será isso suficiente? Nós, brasileiros, precisamos ter cuidado para evitar a um de nossos maiores símbolos se torne apenas uma sombra daquilo que foi um dia.
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