sexta-feira, 18 de julho de 2008

Mendes e Dantas... o casamento começou há dez anos

1998. Nesse fatídico ano, o governo FHC deu iníio ao polêmico processo das privatizações das estatais. Entre elas, a da Telebrás, que deu origem a BrasilTelecom, fundida com a Oi - o negócio aguarda apenas a aprovação da Lei Geral de Outorgas, que está em consulta pública.

Ao final das privatizações, o banqueiro Daniel Dantas, por meio do banco Opportunity, e controlador de diversos fundos de pensão, acabou como um dos controladores da BrasilTelecom e, por tabela, beneficiário da criação da BrOi.

Nessa mesma época, o Advogado Geral da União, que defendeu as privatizações, era ninguém menos que o ilustre presidente do STF, Gilmar Mendes. Anos depois, FHC indicou Mendes a ocupar uma das 11 vagas da Suprema Corte.

Durante o escândalo do Mensalão, o nome de Dantas foi citado várias vezes, mas pouca gente prestou atenção aos negócios sórdidos dele - inclusive o fato de ele ter aplicado dinheiro nas empresas do carequinha Marcos Valério, operador do mensalão.

Tanto que o relatório final da CPI dos Correios nem pediu o indicamento de Dantas. Só que hoje, ao que dá para perceber, o nome de Valério foi usado como escudo para não se chegar em Dantas.

E onde começou o Mensalão? No governo do PSDB, e não do PT como muita gente acredita. Foi em Minas Gerais, na época do governo senador Eduardo Azeredo, do PSDB. O empresário Marcos Valério Fernandes de Souza financiou políticos mineiros durante a campanha frustrada de reeleição do tucano Azeredo ao Palácio da Liberdade, em 1998.

O Senador nega as acusações e afirma que o "valerioduto" mineiro se restringiu a arrecadação para o caixa 2 da campanha, processo do qual não tinha conhecimento.

Nessa época, um dos protagonistas da queda do Gushiken foi Daniel Dantas. Os dois estavam envolvidos numa queda de braço pelo controle dos fundos de pensão.

Quando foi preso, pela operação Satiagraha, Dantas foi beneficiado duas vezes por decisões de Gilmar Mendes. Pelas contas, não seria a primeira vez que o ministro defende atos do banqueiro. Essa história precisa ser melhor esclarecida, assim como as relações entre Dantas e o PSDB.

Por exemplo, várias figuras tucanas que assumiram altos cargos no Opportunity, como o ex-presidente do Banco Central, Pérsio Arida, e a ex-diretora do BNDES, responsável pela área das privatizações, Elena Landau.

Outro fato que passa despercebido é Verônica Rodenburg, irmã de Daniel Dantas, foi sócia de Verônica Serra, filha do atual governador de São Paulo José Serra, na firma de consultoria Decidir. A empresa oferece dicas sobre oportunidades de negócios, incluindo a área de licitações públicas no Brasil.

Tem coisa muito mal contada nisso tudo...

quarta-feira, 16 de julho de 2008

As acusações apontam novamente para Dilma

Os delegados da PF responsáveis pela operação Satiagraha foram afastados ontem à noite do caso. Segundo a Polícia Federal, o delegado Protógenes Queiroz, pediu afastamento porque queria terminar um curso de formação...

História pra boi dormir, como versa o ditado popular. Queiroz estava sofrendo uma pressão violenta de todos os lados e vinha sendo criticado por omitir informações das investigações à cúpula da PF e também por pedir o auxílio da Abin.

Mentiras e pressões para o afastamento de agentes da PF à parte, o fato é que as investigações chegaram muito perto do Planalto. Não me refiro apenas ao assessor do Planalto, Gilberto Carvalho, mas também à ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Roussef.

Segundo o relatório da PF, o petista Luiz Eduardo Greenhalgh teria feito lobby junto a ministra para permitir a compra da Brasil Telecom pela Oi. A PF acusa Dantas de ter interesses financeiros no negócio. Isso torna ainda mais suspeito a decisão do governo de mudar a lei geral de Telecomunicações apenas para aprovar a comprar da Brasil Telecom.

É a segunda vez que há indícios de interferência ilegal do governo nas negociações entre empresas. Para quem não se lembra, há bem pouco tempo, a ex-diretora da Anac, Denise Abreu, acusou Dilma de interferir na compra da Varig e da Varig Log pela Gol para beneficiar o advogado mui amigo do presidente Lula, Roberto Teixeira.

O governo deve, sim, monitorar esse tipo de negócio. Afinal, são setores estratégicos para o País e não devem funcionar apenas segundo as regras do mercado. No entanto, os questionamentos surgem quando parece que o interesse do governo é beneficiar terceiros.

O pior de tudo isso é que o novo caso abafou o primeiro. Ninguém mais ouve falar do embate entre Dilma e Denise. Quem se beneficiou de tudo isso foi Roberto Teixeira...

Não temos mesmo em quem confiar...

Esse novo caso de erro grosseiro da PM do Rio só vem reforçar o despreparo dos policiais para enfrentar criminosos.

Menos de um mês depois de terem metralhado um carro e tirado a vida de um garoto (de novo, um João), na segunda-feira, os agentes da PM mataram um inocente que tinha sido feito refém de um assalto a carro. Foi o típico caso do "atira e depois pergunta". O pior de tudo foi ver pelo SBT o tratamento que os PMs deram aos baleados - respeito aos direitos humanos zero.

Bom, a revolta é natural, mas não vai adiantar muito. O que se faz urgente é procurar soluções para a crise em que a PM carioca se encontra. Aumentar os salários dos policiais? oferecer cursos de formação e reciclagem? Escolher mais e melhor os agentes? Comprar novas viaturas? Melhorar a inteligência?

Talvez, todas essas hipóteses unidas possam mudar esse quadro terrível de falta de confiança. No entanto, as idéias não vão sair do papel se não houver vontade das autoridades de lutar por elas. Esse é a questão: será que as autoridades têm interesse pelas mudanças?

Caso Daniel Dantas para crianças

O Maurício Ricardo acertou de novo. A charge de hoje está excelente...

Eis o endereço: http://charges.uol.com.br/bobagens.html

Hilário.

sexta-feira, 11 de julho de 2008

Decepção...

Não consigo entender o ministro Gilmar Mendes, presidente do Supremo Tribunal Federal. Soltar toda a quadrilha presa pela Operação Satiagraha da Polícia Federal? Isso só contribui para a fama de salvador de criminosos que o STF tem.

Quer dizer, a PF e o Ministério têm todo o trabalho de investigar durante quatro anos um grupo de marginais especializados em desviar verbas públicas, que tem, inclusive, elos com o escândalo do Mensalão. O banqueiro Daniel Dantas está tão enrolado nesse esquema que não mede esforços para se livrar das acusações: oferece R$ 1 milhão a um delegado... está tudo registrado. E o ilustre Gilmar, em toda sua sabedoria de jurista, não vê motivo para manter os acusados presos?

Bom para a quadrilha, que agora pode destruir provas, ou mesmo fugir do País, como fez o também banqueiro Salvatore Cacciola, acusado de crimes contra o sistema financeiro, que se mandou para a Europa depois de receber um habeas corpus da Justiça... Isso é Brasil!