sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Enquanto isso em Pequim...

As nossas atletas têm muito a nos ensinar. Não vou aqui me ater ao fato de, por serem mulheres, elas precisam ficar o tempo todo provando que podem ser tão boas quanto os homens. Não, isso já se tornou lugar comum.

Falo da superação como pessoas, como seres humanos. Primeiro, a seleção feminina de futebol. É incrível uma modalidade quase sem apoio conseguir a façanha de deixar 180 milhões de pessoas cheias de orgulho. Elas deixaram o ouro escapar, é verdade. Mas ninguém nega que a seleção feminina lutou até o fim com o objetivo de ganhar. Ao final do jogo, ver a Marta levantar os olhos ao céu e dizer, com ar de descrença, "Fala Sério" só resume o quanto o esforço não foi devidamente recompensado. É a vida. Infelizmente o futebol tem dessas coisas.

No mesmo dia da prata no futebol feminino, as meninas do voleibol conseguiram uma final olímpica inédita. É praticamente o mesmo time que saiu desacreditado e humilhado quatro anos atrás de Atenas. As comparações com o "vence-quase-todos-os-campeonatos" time masculino eram inevitáveis. Mas, elas estão aí para provar que podem superar os desafios e dar a volta por cima.

E por falar em volta por cima, ver a Maurren Maggi saltar 7m e 4cm e ganhar o segundo ouro para o Brasil foi sensacional. Para quem não se lembra, antes do pan de Santo Domingo, em 2003, ela foi pega no exame anti-dopping, e acabou impedida disputar em Atenas, em 2004.

Na época, a atleta alegou que não sabia da presença de clostebol, encontrado em seu organismo, na composição do creme cicatrizante Novaderm, que foi aplicado após uma sessão de depilação definitiva. A droga é a primeira na lista de proibições da Associação Internacional de Federações de Atletismo (IAAF). Depois de ficar três anos sem competir, ela volta de Pequim com o peito brilhando, e brilhando em tons dourados.

Mas, infelizmente, exemplos como esses são poucos. O País não investe como deveria no esporte. Muitos são desconhecidos. Vários atletas, como o próprio César Cielo, ouro na natação, precisam treinar fora do País para ter alguma chance. Assim ficar difícil criar ídolos a serem seguidos por nossas crianças...

Ainda são poucas as cidades que possuem um centro poliesportivo decente. Será que até 2016, isso vai mudar? Espero sinceramente que sim, mas as chances disso se tornar realidade são poucas. Não por falta de candidatos a atletas, mas por causa da falta de vontade de quem comanda o País...

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

e os peixes choram...

Num lampejo de civilidade e bom senso, o Supremo tomou uma decisão importante esta semana: proibir a contratação de parentes no serviço público, tecnicamente conhecido como nepotismo. A súmula vinculante foi votada nesta quinta-feira (21) e confirmou o julgamento de duas ações nesse sentido no dia anterior. Agora, parentes de até 3º grau, como sobrinhos e tios, não podem ser nomeados por quem está no poder.

A súmula também veda o nepotismo cruzado, que ocorre quando dois agentes públicos empregam familiares um do outro como troca de favor. Ficam de fora dessa regra apenas os cargos de caráter político, como secretários municipais e ministros de estado.

O "mil gols" Romário poderia dizer: "E aí, peixe, o que eu ganho com isso?". Muito, Romário, muito. O artigo 37 da Constituição Federal diz, claramente, que a Administração Pública deve se pautar por alguns princípios básicos, entre eles, o da impessoalidade e o da eficiência.

Ao contratar, sem concurso público, parentes para exercer cargos públicos, normalmente, o critério usado pelos administradores passa longe dos exigidos pela lei brasileira. Na verdade, quem tem poder de contratar segue uma única regra: eu gosto dessa pessoa, ela é parente, vou dar um “empreguinho” pra ela.

Por mais ingênuo que essa nomeação possa parecer, ela é extremamente prejudicial para o Estado. Sem concurso, o risco de um profissional, sem qualquer tipo de qualificação, ingressar no serviço público é enorme.

Sem os requisitos necessários para cumprir suas tarefas, o trabalho pode ser de péssima qualidade. Além disso, o funcionário só estará interessado no dinheiro que ele via receber no final do mês, assim, ele pode se tornar alvo fácil para corruptores...

O presidente do Senado, Garibaldi Alves, já disse que terá que demitir um parente de seu gabinete. É, os "peixes" se deram mal nessa...

sexta-feira, 18 de julho de 2008

Mendes e Dantas... o casamento começou há dez anos

1998. Nesse fatídico ano, o governo FHC deu iníio ao polêmico processo das privatizações das estatais. Entre elas, a da Telebrás, que deu origem a BrasilTelecom, fundida com a Oi - o negócio aguarda apenas a aprovação da Lei Geral de Outorgas, que está em consulta pública.

Ao final das privatizações, o banqueiro Daniel Dantas, por meio do banco Opportunity, e controlador de diversos fundos de pensão, acabou como um dos controladores da BrasilTelecom e, por tabela, beneficiário da criação da BrOi.

Nessa mesma época, o Advogado Geral da União, que defendeu as privatizações, era ninguém menos que o ilustre presidente do STF, Gilmar Mendes. Anos depois, FHC indicou Mendes a ocupar uma das 11 vagas da Suprema Corte.

Durante o escândalo do Mensalão, o nome de Dantas foi citado várias vezes, mas pouca gente prestou atenção aos negócios sórdidos dele - inclusive o fato de ele ter aplicado dinheiro nas empresas do carequinha Marcos Valério, operador do mensalão.

Tanto que o relatório final da CPI dos Correios nem pediu o indicamento de Dantas. Só que hoje, ao que dá para perceber, o nome de Valério foi usado como escudo para não se chegar em Dantas.

E onde começou o Mensalão? No governo do PSDB, e não do PT como muita gente acredita. Foi em Minas Gerais, na época do governo senador Eduardo Azeredo, do PSDB. O empresário Marcos Valério Fernandes de Souza financiou políticos mineiros durante a campanha frustrada de reeleição do tucano Azeredo ao Palácio da Liberdade, em 1998.

O Senador nega as acusações e afirma que o "valerioduto" mineiro se restringiu a arrecadação para o caixa 2 da campanha, processo do qual não tinha conhecimento.

Nessa época, um dos protagonistas da queda do Gushiken foi Daniel Dantas. Os dois estavam envolvidos numa queda de braço pelo controle dos fundos de pensão.

Quando foi preso, pela operação Satiagraha, Dantas foi beneficiado duas vezes por decisões de Gilmar Mendes. Pelas contas, não seria a primeira vez que o ministro defende atos do banqueiro. Essa história precisa ser melhor esclarecida, assim como as relações entre Dantas e o PSDB.

Por exemplo, várias figuras tucanas que assumiram altos cargos no Opportunity, como o ex-presidente do Banco Central, Pérsio Arida, e a ex-diretora do BNDES, responsável pela área das privatizações, Elena Landau.

Outro fato que passa despercebido é Verônica Rodenburg, irmã de Daniel Dantas, foi sócia de Verônica Serra, filha do atual governador de São Paulo José Serra, na firma de consultoria Decidir. A empresa oferece dicas sobre oportunidades de negócios, incluindo a área de licitações públicas no Brasil.

Tem coisa muito mal contada nisso tudo...

quarta-feira, 16 de julho de 2008

As acusações apontam novamente para Dilma

Os delegados da PF responsáveis pela operação Satiagraha foram afastados ontem à noite do caso. Segundo a Polícia Federal, o delegado Protógenes Queiroz, pediu afastamento porque queria terminar um curso de formação...

História pra boi dormir, como versa o ditado popular. Queiroz estava sofrendo uma pressão violenta de todos os lados e vinha sendo criticado por omitir informações das investigações à cúpula da PF e também por pedir o auxílio da Abin.

Mentiras e pressões para o afastamento de agentes da PF à parte, o fato é que as investigações chegaram muito perto do Planalto. Não me refiro apenas ao assessor do Planalto, Gilberto Carvalho, mas também à ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Roussef.

Segundo o relatório da PF, o petista Luiz Eduardo Greenhalgh teria feito lobby junto a ministra para permitir a compra da Brasil Telecom pela Oi. A PF acusa Dantas de ter interesses financeiros no negócio. Isso torna ainda mais suspeito a decisão do governo de mudar a lei geral de Telecomunicações apenas para aprovar a comprar da Brasil Telecom.

É a segunda vez que há indícios de interferência ilegal do governo nas negociações entre empresas. Para quem não se lembra, há bem pouco tempo, a ex-diretora da Anac, Denise Abreu, acusou Dilma de interferir na compra da Varig e da Varig Log pela Gol para beneficiar o advogado mui amigo do presidente Lula, Roberto Teixeira.

O governo deve, sim, monitorar esse tipo de negócio. Afinal, são setores estratégicos para o País e não devem funcionar apenas segundo as regras do mercado. No entanto, os questionamentos surgem quando parece que o interesse do governo é beneficiar terceiros.

O pior de tudo isso é que o novo caso abafou o primeiro. Ninguém mais ouve falar do embate entre Dilma e Denise. Quem se beneficiou de tudo isso foi Roberto Teixeira...

Não temos mesmo em quem confiar...

Esse novo caso de erro grosseiro da PM do Rio só vem reforçar o despreparo dos policiais para enfrentar criminosos.

Menos de um mês depois de terem metralhado um carro e tirado a vida de um garoto (de novo, um João), na segunda-feira, os agentes da PM mataram um inocente que tinha sido feito refém de um assalto a carro. Foi o típico caso do "atira e depois pergunta". O pior de tudo foi ver pelo SBT o tratamento que os PMs deram aos baleados - respeito aos direitos humanos zero.

Bom, a revolta é natural, mas não vai adiantar muito. O que se faz urgente é procurar soluções para a crise em que a PM carioca se encontra. Aumentar os salários dos policiais? oferecer cursos de formação e reciclagem? Escolher mais e melhor os agentes? Comprar novas viaturas? Melhorar a inteligência?

Talvez, todas essas hipóteses unidas possam mudar esse quadro terrível de falta de confiança. No entanto, as idéias não vão sair do papel se não houver vontade das autoridades de lutar por elas. Esse é a questão: será que as autoridades têm interesse pelas mudanças?

Caso Daniel Dantas para crianças

O Maurício Ricardo acertou de novo. A charge de hoje está excelente...

Eis o endereço: http://charges.uol.com.br/bobagens.html

Hilário.

sexta-feira, 11 de julho de 2008

Decepção...

Não consigo entender o ministro Gilmar Mendes, presidente do Supremo Tribunal Federal. Soltar toda a quadrilha presa pela Operação Satiagraha da Polícia Federal? Isso só contribui para a fama de salvador de criminosos que o STF tem.

Quer dizer, a PF e o Ministério têm todo o trabalho de investigar durante quatro anos um grupo de marginais especializados em desviar verbas públicas, que tem, inclusive, elos com o escândalo do Mensalão. O banqueiro Daniel Dantas está tão enrolado nesse esquema que não mede esforços para se livrar das acusações: oferece R$ 1 milhão a um delegado... está tudo registrado. E o ilustre Gilmar, em toda sua sabedoria de jurista, não vê motivo para manter os acusados presos?

Bom para a quadrilha, que agora pode destruir provas, ou mesmo fugir do País, como fez o também banqueiro Salvatore Cacciola, acusado de crimes contra o sistema financeiro, que se mandou para a Europa depois de receber um habeas corpus da Justiça... Isso é Brasil!

quinta-feira, 29 de maio de 2008

A Ciência no banco dos réus 3

Enquantos os cientistas comemoram, os religiosos choram. O STF acabou decidindo pela constitucionalidade das pesquisas com células tronco embrionárias.

quarta-feira, 28 de maio de 2008

A Ciência no banco dos réus 2

Depois de nove horas de julgamento e seis votos, o Supremo adiou o julgamento da constitucionalidade das pesquisas com células tronco embrionárias. O tema é tão polêmico que o placar reflete apenas o quanto a sociedade está dividida: 4x4.


Amanhã, às 14h, o STF volta a se debruçar sobre o assunto. Três ministros ainda não votaram.

O julgamento começou em 2005 quando o procurador-geral da república questionou o artigo 5º da Lei nº 11.105, batizada de Lei da Biossegurança.

Eis o que o bendito artigo diz:

Art. 5o É permitida, para fins de pesquisa e terapia, a utilização de células-tronco embrionárias obtidas de embriões humanos produzidos por fertilização in vitro e não utilizados no respectivo procedimento, atendidas as seguintes condições:

I – sejam embriões inviáveis; ou

II – sejam embriões congelados há 3 (três) anos ou mais, na data da publicação desta Lei, ou que, já congelados na data da publicação desta Lei, depois de completarem 3 (três) anos, contados a partir da data de congelamento.

§ 1o Em qualquer caso, é necessário o consentimento dos genitores.

§ 2o Instituições de pesquisa e serviços de saúde que realizem pesquisa ou terapia com células-tronco embrionárias humanas deverão submeter seus projetos à apreciação e aprovação dos respectivos comitês de ética em pesquisa.

§ 3o É vedada a comercialização do material biológico a que se refere este artigo e sua prática implica o crime tipificado no art. 15 da Lei no 9.434, de 4 de fevereiro de 1997.


A ação argumenta que esse artigo fere o direito à vida - um dos direitos básicos assegurados pela Constituição.

No seu voto, no entanto, o relator da matéria no STF, ministro Carlos Ayres Brito, discorda desse argumento. Segundo ele, pela lei brasileira, esses embriões não são consideradas pessoas de fato. Apenas o feto, dentro do útero, teria a chamada "expectativa de direito" (no caso, à vida), assegurada pela constituição.

O magistrado argumentou que há embriões congelados há mais de 18 anos.

Creio que nessa discussão não há argumentos certos ou errados. É complicado falar que a rejeição das pesquisas signifique um retrocesso porque outros países já estão mais avançados que o Brasil nessa área. Afinal, quando se trata de vidas, por mais que a lei não considere os embriões assim, a linha entre o ético e absurdo é muito tênue...

A Ciência no banco dos réus

O futuro da ciência brasileira será decidida hoje na Justiça. O STF retoma o julgamento da legalidade das pesquisas com células-tronco embrionárias no Brasil.

Os 11 ministros da suprema corte votam hoje a ação direta de inconstitucionalidade que questiona o artigo 5º da Lei de Biossegurança, apresentada em maio de 2005 pelo então procurador-geral da República, Cláudio Fontelles.

O julgamento começou e foi interrompido no dia de 05/03, quando o ministro Menezes Direito (recém chegado ao Tribunal) pediu vistas do processo para formular seu voto. Na ocasião, dois magistrados apresentaram seus votos. São eles Carlos Ayres Britto, e da ex-presidente da Corte, ministra Ellen Gracie. O placar encontra-se favorável às pesquisas.

A questão será decidida pelos nove ministros restantes: Além de Menezes Direito, Carmen Lúcia, Ricardo Lewandowski, Eros Grau, Joaquim Barbosa, Cezar Peluzo, Marcco Aurélio Mello, Celso de Mello, e o atual presidente do STG, Gilmar Mendes.

O tema é muito mais do que polêmico e está longe de ser um consenso. De um lado, há grupos religiosos (principalmente a igreja católica) e organizações sociais contrários às pesquisas, alegando que elas ferem o direito à vida (de quem quer nascer). De outro, cientistas e outras organizações sociais que defendem a legalidade da Lei de Biossegurança, alegando a derrubada do seu artigo 5° também fere o direito à vida (de quem tem esperanças de cura nas pesquisas)

Quem está errado nessa disputa? Ninguém, ora. São duas interpretações válidas de entidades que estão em lados opostos. O resultado de hoje, qualquer que seja ele, vai atender os interesses de parte da sociedade.

O problema é que os ministro precisam decidir qual das hipóteses é mais condizente com o futuro. Manter um monte de embrião congelado inultimente? Ou permitir que pessoas com doenças degenarativas e com câncer tenham a chance de cura?

terça-feira, 27 de maio de 2008

Crônicas de uma pizza anunciada...

As previsões da maioria analistas políticos estavam certas dessa vez. A CPI mista dos cartões corporativos rejeitou o pedido de acareação entre os dois suspeitos pelo vazamento de dados do ex-presidente FHC.

Coitados dos ilustres deputados e senadores! Devem estar fartos de tantos cartões, dossiês e denúncias. Preocupada com isso, a base aliada em peso votou contra o requerimento. O placar da contenda foi 11 "nãos" e 5 "sins".

Os parlamentares agora se preparam para encerrar os trabalhos da comissão. A investigação já está com um pé na cova. Mas, depois do velório, os parlamentares ainda tem um último requerimento para votar: quem vai ser o sortudo que vai pagar a pizza?

segunda-feira, 26 de maio de 2008

o legado de Jefferson Peres

Com um dia de atraso, mas conforme o prometido, eis alguns projetos do senador Jefferson Peres (PDT-AM), morto na sexta-feira:

1. PEC 68/2005. Altera o processo de escolha dos ministros do Supremo Tribunal Federal. Atualmente, a escolha dos magistrados da suprema corte é feita pelo presidente da República. Depois eles passam por uma sabatina no Senado antes de assumirem a vaga de ministro.

No entanto, na opinião do ex-senador Jefferson Peres, isso politizava o STF e poderia desequilibrar a democracia. A PEC 68/2005, de autoria dele, prevê que apenas a tarefa do presidente se resumiria à nomeação dos ministros. A escolha caberia ao próprio tribunal em uma eleição de seis candidatos.

Atualmente, a PEC está tramitando na CCJ do Senado e o relator é Demóstenes Torres (DEM-GO).

2. PL 216/2006. Torna inelegíveis condenados ou processados por crime contra a administração pública.

O objetivo do senador é claro. Em uma rápida pesquisa pela internet, descobri uma matéria publicada no G1, do início de 2007, quando a atual legislatura começou. Veja o que diz o texto:

"Dentre os representantes da nova legislatura na Câmara, o PMN é o partido que tem o maior percentual de deputados processados ou investigados criminalmente: 66% da bancada. No entanto, a base de comparação é muito baixa, uma vez que a legenda terá apenas três deputados, dos quais dois com processos. Considerando os partidos com maior representatividade na Câmara, o PP é o que reúne mais processados. Dos 42 eleitos, 12 têm pendências jurídicas na área criminal, o que representa 28% de toda da bancada. No PTB, dos 22 eleitos, 6 (27%) são investigados ou processados. O PMDB é o partido com o maior número de deputados que respondem a inquéritos ou ações penais: 17 dos 89 eleitos. Entretanto, a legenda conta também com a maior bancada e fica em quarto lugar no ranking dos partidos com maior número de deputados processados, contabilizando 19% dos parlamentares com pendências jurídicas. No PT, respondem a processo ou investigação 12 dos 83 eleitos (14%). No PFL, são 8 em 65 (12%). O PSDB tem 6 em 65 (9%). O G1 considerou os partidos pelos quais os deputados foram eleitos."

O projeto também está na CCJ e o relator é o senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE).

É, no mínimo, preocupante a situação do Congresso. A Reforma Política que está sendo analisada na Câmara pouco avançou. Até agora, de significativo mesmo nas mudanças do jogo político, só a fidelidade partidária, que nem foi aprovada pelo Legislativo, mas instituída pelo poder Judiciário.

Com as propostas de Jefferson Peres, pode ser que o Brasil se torne um pouco mais ético. Resta saber se os nobres senadores terão interesse em aprová-los...

sábado, 24 de maio de 2008

Trocadilho infame

Conflito na Terra Indígena Raposa Serra do Sol;

Índios protestando com violência contra a construção da usina de Belo Monte no Pará;

Manifestações contra a construção das duas hidrelétricas do Rio Madeira em Rondônia;

A situação da Amazônia está complicada Pacaraima...

sexta-feira, 23 de maio de 2008

A morte de Jefferson Peres

O senador Jefferson Peres, do PDT do Amazonas, morreu de infarto na manhã de hoje. O presidente Lula, colegas - aliados ou não do PDT - e outras personalidades políticas manifestaram pesar pela perda e lembraram a luta do parlamentar pela manutenção da ética e da democracia.

O blog do Noblat selecionou várias frases proferidas por Peres ao longo de sua vida parlamentar. Sobre o Congresso, seu local de trabalho, o senador o definiu da seguinte forma:

- "Vejam que País é este. Estamos aqui com seis Senadores em pleno mês de agosto, porque estamos em recesso branco. Estamos aqui no faz-de-conta. Este é o País do faz-de-conta. Estamos fingindo que fazemos uma sessão do Senado, estamos em casa sem trabalhar." (agosto de 2006)

- "
A classe política, nem se fala, essa já apodreceu há muito tempo mesmo. Este Congresso que está aqui, desculpem-me a franqueza, é o pior de que já participei." (agosto de 2006)

Hoje, o Correio Braziliense trouxe na capa uma reportagem denunciando que os senadores querem ter o direito de contrarar mais um assessor (sem concurso público), com salário de R$ 10 mil (Calma que não estou fugindo do assunto). O autor da matéria, o jornalista Leandro Colon, ouviu o senador sobre o tal projeto. O senador disse o seguinte:

-
"Já o líder do PDT, Jefferson Péres (AM), criticou a iniciativa. E disse que adotará uma postura contrária à elevação da verba de gabinete dos senadores. “Eu sou contra. Acho um absurdo. Já temos muitos funcionários. Eu mesmo ainda não preenchi todas as vagas. Acredito que criar um outro cargo seja inconstitucional”, disse."

Com seus oclinhos, pose ereta e cara de sério, Jefferson Peres era sempre procurado por jornalistas que queriam ouvir suas opiniões sobre os escândalos do governo. O senador era da oposição...

Sem exageros de outros blogs, a morte do senador é, sim, uma perda. Numa época em que o prestígio do Congresso chegou ao fundo do poço, caiu um dos defensores da ética na democracia brasileira.

Peres tinha 76 anos e sua vida na política começou em 1956, quando elegeu-se vereador. Chegou ao Senado em 1994. Nas últimas eleições presidenciais, disputou a candidatura como vice na chapa do senador Cristóvam Buarque.

Ele foi relator do processo de cassação do mandato por quebra de decoro parlamentar do ex-presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-Al) e defendeu a saída dele da Casa. Renan acabou absolvido.

Estou preparando um material para o fim de semana com as principais propostas do senador Jefferson Peres. Domingo eu publico...

só um ditado...

Quem não lê, mal ouve, mal fala e mal vê!!!



É isso aí...

quinta-feira, 22 de maio de 2008

De dinheiro, números e burrice 2

O mais triste nesse episódio todo é que ninguém, seja do governo ou da oposição, parece estar de fato preocupado com a saúde.

Ora, o presidente Lula disse que não quer uma nova CPMF, que não vai mexer um dedo para aprová-la. No entanto, o que ele não quer é o desgaste de ter que enviar um projeto desses para o Congresso. Aliás, como foi o legislativo que derrubou a emenda que prorrogava o tributo no ano passado, ele acha que a tarefa de achar uma nova fonte de recursos é dos parlamentares, caso contrário, a Emenda será vetada por ele.

Por outro lado, a oposição apóia a base aliada na aprovação da Emenda 29, que destina mais verbas para a Saúde. É a mesma oposição que patrocinou a queda da CPMF, que aplicava pelo menos R$ 20 bilhões para o setor.

Não parece contradição? Se você pensar bem, não. Em dezembro, quando PSDB e DEM vetaram a CPMF no Senado, o interesse era tirar recursos dos programas assistencialistas do governo (Bolsa Família e afins). Agora, eles querem jogar o presidente Lula contra a parede, obrigando-o a gastar cerca de R$ 12 bilhões a mais na saúde pública.

Enquanto esse jogo político se desenrola, o brasileiro espera horas, dias, meses nas filas dos hospitais públicos à espera de atendimento de qualidade duvidosa, para dizer o mínimo. Isso é o Brasil...

De dinheiro, números e a burrice...

Com a iminente aprovação da Emenda 29, que prevê investimento mínimo de 10% da arrecadação federal na saúde, o governo disse que precisa de mais dinheiro - hoje é aplicado cerca 7% de tudo que o governo recebe. Se a regra já estivesse valendo, os recursos para o setor somariam R$ 60 bilhões de reais em 2008, sendo que o orçamento destinou R$ 48 bilhões.

Caso o Congresso não diga de onde vai vir esse dinheiro, o presidente Lula promete vetar a emenda, que deve ser votada na semana que vem...

A nova CPMF proposta pela base aliada da Câmara prevê alíquota de 0,1% sobre o valor das transações financeiras nas contas correntes. Isso aumentaria a arrecadação em cerca de 12 bilhões de reais, nas contas dos ilustres deputados petistas e aliados.

Ontem, a receita divulgou o quanto já foi arrecadado em 2008. De janeiro a abril, os cofres do governo receberam R$ 221,5 bilhões - 12,5% acima da arrecadação do mesmo período do ano passado.

São R$ 21,7 bilhões a mais que em 2007; quase o dobro do que a nova CPMF deve mandar para os cofres do governo. E o presidente Lula ainda alega que não tem dinheiro para custear a emenda 29?

Tinha minhas dúvidas quando ouvia alguém falar que o governo pensava que o brasileiro é burro... agora tenho certeza. Ele deve pensar isso mesmo...

PS.: Bom feriado de Corpus Christi a todos.

quarta-feira, 21 de maio de 2008

Pizza com cartão corporativo

Depois que nenhum parlamentar teve interesse em continuar os depoimentos do ex-funcionário da Casa Civil, José Aparecido, e de André Fernades, assessor do senador tucano, Álvaro Dias, fica uma dúvida... Será que a pizza também vai ser comprada com cartão corporativo? Os trabalhos da CPI mista terminam no início do mês que vem.

Início

Sem nada de importante para dizer... essa é a minha mensagem de estréia no universo dos blogs. Passei muito tempo me decidindo se me renderia ou não a esse universo... Bom, eis-me aqui na rede mundial de computadores...