quinta-feira, 29 de abril de 2010

Política - Eu sou o cara


Independente do resultado das eleições de outubro, o presidente Lula deve terminar os oito anos de governo do PT com o ego nas alturas.

Carismático, Lula é presidente de maior popularidade da História do País. E agora recebeu mais um motivo para se considerar "o cara". A revista Time o elegeu como um dos 25 líderes mais influentes do planeta. "O que Lula quer para o Brasil é o que nós costumávamos chamar de sonho americano", avaliou o documentarista Michael Moore no texto dedicado ao presidente brasileiro.

Não é a primeira vez que Lula recebe um título desse. Em 2009, o jornal britânico "Financial Times" o escolheu como uma das 50 personalidades que moldaram a última década. Foi eleito o "homem do ano 2009" pelos jornais "Le Monde", da França, e "El País", da Espanha.

Desde o início do governo do PT, em 2003, o presidente Lula sempre buscou um papel de destaque para o Brasil no cenário internacional. Sua principal meta era mudar o Conselho de Segurança da ONU, com a inclusão de líderes emergentes nas principais cadeiras - hoje ocupadas por apenas cinco países.

A luta do presidente contra a fome e a pobreza no mundo também foi destaque em vários congressos internacionais. Na Conferência da ONU contra o aquecimento global, realizada em Copenhague no final do ano passado, o presidente Lula cobrou um papel mais efetivo dos países ricos frente às mudanças climáticas. O Brasil apresentou metas ambiciosas nesse sentido: diminuir em 39% a emissão de gases causadores do efeito estufa.

No campo econômico, o presidente Lula defende uma participação maior dos países emergentes nas decisões mundiais. Ele se aproximou de outros países emergentes e em desenvolvimento, principalmente, da China, da Índia e da Rússia, que juntas criaram os Bric.

Na América Latina, o Brasil é visto como um líder e se envolve em quase todas as questões políticas na região. Tem amizades "suspeitas" - leia-se o presidente venezuelano Hugo Chavez - e foi várias vezes criticado por sua postura de tentar agradar a todos.

No ano passado, o Brasil aceitou "numa boa" a nacionalização das refinarias de petróleo da Bolívia, inclusive as que tinham recebido investimentos da Petrobras. A empresas brasileira passou a pagar impostos ao governo boliviano. A decisão foi motivo de crítica da imprensa brasileira, que acusou o presidente de não cuidar dos interesses nacionais.

Amigo do líder cubano Fidel Castro, Lula defendeu várias vezes o fim do embargo econômico imposto pelos norte-americanos. Na última vez em que Lula visitou Cuba, ele teve que explicar os motivos de apoiar o regime castrista. Naquele dia tinha acabado de morrer um preso político que fazia uma greve de fome contra o governo.

Outra frente de atuação brasileira é no Haiti, onde o País lidera as Forças de Paz da ONU na nação caribenha.

Recentemente, a principal tentativa de demonstração de força internacional é no caso iraniano. O Brasil tenta uma solução pacífica para as desconfianças em torno do desenvolvimento de tecnologia nuclear pelo país islâmico. Praticamente isolado mundialmente, Lula se colocou contrário à imposição de sanções ao Irã, acusado de usar seu programa nuclear para desenvolver armas atômicas.

Mais de uma vez Lula disse que o Brasil tem condições morais de intermediar esse problema. Ele vai ao Irã em maio para cobrar do presidente Mahmoud Ahmadinejad garantias de que seu programa é pacífico. Recentemente, a secretária de estado norte-americano, Hillary Clinton, definiu a empreitada brasileira de ingenuidade.

A questão é complexa e dificilmente o Brasil ganhará essa disputa. Primeiro porque a maioria das nações que compõem o Conselho de Segurança apóiam a imposição de sanções contra o Irã. Depois, o presidente Ahmadinejad parece não coperar em oferecer garantias de que suas intenções são pacíficas.

A lista de atuações internacionais brasileiras é grande. Elas realmente colocaram o País numa posição de destaque mundial. Resta saber se com todo esse prestígio vai fazer com que o presidente Lula cumpra sua meta para 2010: fazer um sucessor.

Nenhum comentário: